No último dia das crianças o BPTran ofereceu aos motociclistas e seus filhos uma festa no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. A princípio parece inimaginável colocar no mesmo ambiente a polícia e os “motoqueiros”. A imagem que nos vem à cabeça é de desordeiros, pessoas sujas e bagunceiras. Pelo menos era essa a mensagem que os filmes americanos dos anos 60 passam para nós brasileiros.
Segundo o pastor e motociclista André Geléia, os motociclistas brasileiros não se encaixam nesse estereotipo estadudinense. “Somos médicos, advogados, profissionais liberais, funcionários públicos e inclusive o governador do Distrito Federal para confirmar que o motociclista brasiliense e brasileiro é diferente”. Geléia que é presidente do Esquadrão de Cristo MM e também da Associação dos Motociclistas do DF, a AMO-DF, conta que já passou por várias situações hilárias por ser motociclista e tatuado. “Entramos num supermercado ou shopping e o segurança vem seguindo agente, ou então as pessoas ficam nos olhando como se fossemos ETs...”
O capitão Sérgio Roberto Roballo da Companhia de Policia Rodoviária CPRv, nos diz que esse tipo de evento com os motociclistas serve para aproximar os militares dos civis e quebrar a mística de desordeiros que os motociclistas carregam. “Não existem motoqueiros, todos nós usamos as motos, alguns para trabalho, outros para o laser, não podemos ser discriminados pela população por usar esse tipo de veículo”.
A advogada Maria Christina tem outra opinião, para ela “todos eles são loucos, ficam costurando de um lado para o outro e todo dia tem um esparramado no asfalto”. O capitão Roballo também nos conta que 7 em cada 10 acidentes fatais com motos no DF acontecem em colisões com outros veículos. “Temos a obrigação de orientar todos os motoristas a trafegar com mais cautela, hoje no DF temos cem mil motos e é para isso servem as campanhas de segurança no trânsito do DETRAN”.
Carlos Alberto, funcionário público acha a moto muito perigosa, mas “minha filha tirou carteira e comprou uma moto pra ela, toda vez que ela sai de casa com aquilo, fico com o coração na mão. Foi à opção que ela fez... moramos no Lago Norte e na hora do rush demora mais de uma hora para chegar ao centro de carro”.
Hoje no DF, a frota de motocicletas cresceu 407% desde 2000 e de acidentes fatais no mesmo período cresceu em 116%. Em Brasília temos mais de um milhão de veículos e aproximadamente cento e seis mil destes são motos, “o tamanho da frota e a quantidade de acidentes e vítimas aumentaram de maneira preocupante, registrando recordes. Além disso, todos os índices que vinham em queda, voltaram a subir no ano de 2007”, o que sugere uma atenção especial ao trânsito de motos, segundo o Diretor do DETRAN-DF, Jair Tedeschi.