
Por Gustavo Frasão
Tempo e presença para a família são fundamentais, especialmente para os filhos. A qualidade do tempo que os pais passam com eles, é fundamental. Mas a quantidade desses momentos, também é. Pelo menos é o que dizem alguns psicólogos e educadores infantis.
O discurso de que a qualidade do tempo que se passa com os filhos é mais importante do que a quantidade, está mudando. Pesquisas feitas por psicólogos e educadores constataram que, com a correria da vida moderna, a maioria dos pais reduziram muito a convivência diária com a esposa e filhos. Convivência que, até então, seria fundamental para o bom relacionamento e entrosamento da família. O problema é tão crítico, que tornou-se alarmante. “A tendência é que os pais trabalhem 10 ou 12 horas e, ao invés de chegarem em casa e darem atenção um para o outro, brincarem com seus filhos e colocarem as conversas em dia, mesmo que sejam por alguns poucos minutos, vão é dormir, ver televisão, mexer no computador ou fazer qualquer outro tipo de atividade alheia a esse momento tão especial e único”, afirma a psicóloga Viviane Dutra, que tem um consultório na cidade satélite do Guará, em Brasília/DF.
A professora Cleide Furtado, educadora de crianças e pré-adolescentes na Fundação Educacional do Distrito Federal, também registra sua opinião a favor da presença da família, para um relacionamento sólido, duradouro e de respeito entre os membros. “É impossível existir qualidade na relação familiar sem um mínimo de quantidade. Isso é inviável, não acontece”. No entanto, ela prefere ficar calada e não arriscar nenhum palpite, no que diz respeito ao tempo ideal para dedicação em casa. “Não existe um padrão, um tempo pré-determinado. Existem famílias e situações distintas. Cabe a cada uma delas se adaptarem às suas necessidades, corretamente”, finaliza.
Mas o que de fato se aplica a todos os pais, é que a falta de tempo para os filhos e para a família, de modo geral, são um dos principais causadores dos problemas emocionais e psicológicos criados em uma criança, que pode crescer com isso e ter um resultado drástico, bastante negativo no futuro. “A qualidade no tempo, é bem limitada. Mas a quantidade, não. Quinze minutos brincando com o filho ou interagindo com a família por dia, são insuficientes”, é o que diz o psicanalista e mestre em comportamentos humanos, Dr. Reinaldo Dantas. A professora de Português Selma Frasão, que ministra aula para adolescentes e pré-adolescentes para concursos públicos e pré-vestibulares, afirma que os pais mais ausentes costumam ser mais permissivos e relaxados, o que dificulta na evolução educacional de seus filhos.
Crianças e adolescentes necessitam de tempo para serem vistos, ouvidos e compreendidos.
Precisam da proteção de seus pais, do amor, atenção e dedicação deles. São momentos únicos e que podem indicar soluções precoces para futuros problemas. Perturbações estranhas nos comportamentos de seus filhos, no desenvolvimento deles, e até mesmo nas brincadeiras, que podem ser gostosas e agradáveis para todos. Essa convivência, esse calor humano entre pais e filhos, faz a criança sentir-se amada e bem aceita, além de ajudar a manter a paz no ambiente familiar. A ausência desses momentos pode gerar crianças agressivas, reprimidas, com baixo rendimento na escola, na vida profissional e com dificuldade em relacionamentos, e todos saem perdendo.